O segredo anti envelhecimento está nas bactérias do seu intestino?

Seria o ácido litocólico, um composto gerado pelas bactérias intestinais ao processarem a bile, a conexão faltante entre uma dieta de baixa caloria e seus efeitos antienvelhecimento? Estudos apontam pistas. 

Um estudo sobre os efeitos do ácido biliar na ativação da proteína quinase ativada (AMPK) e suas implicações no envelhecimento e saúde metabólica foi publicado este mês e nos fornece pistas sobre o assunto. Os pesquisadores exploraram os mecanismos pelos quais o ácido litocólico, um ácido biliar, pode imitar os benefícios da restrição calórica em diversas espécies, incluindo ratos, vermes nematoides e moscas.

Ativação da proteína quinase ativada pelo ácido biliar: O estudo identificou que o ácido biliar é capaz de ativar a AMPK, uma proteína chave na regulação do metabolismo energético. A ativação da AMPK pelo ácido biliar foi observada em diversos tipos celulares, como miócitos, hepatócitos e células HEK293T. Essa ativação parece ser de maneira dependente da dose e em níveis comparáveis aos observados em condições de restrição calórica. Além disso, o estudo indica que o ácido pode não ser o único metabólito polar que ativa a AMPK em condições de restrição calórica.

Efeitos do ácido biliar no metabolismo e função muscular: Em modelos animais, o tratamento com o ácido biliar demonstrou melhorias na função muscular, incluindo aumento da massa muscular, força e capacidade de corrida em camundongos envelhecidos. Foi observado que esse ácido previne a atrofia muscular e acelera a regeneração muscular após lesão induzida por cardiotoxina. Além disso, melhorou o conteúdo mitocondrial, a expressão de genes relacionados à função respiratória em músculos de camundongos envelhecidos.

Ácido biliar e resistência à insulina: O estudo também mostrou que o ácido biliar pode melhorar a resistência à insulina associada à idade em camundongos. Os camundongos tratados com o ácido apresentaram melhor tolerância à glicose e sensibilidade à insulina, sem redução na produção de glicose hepática.

Efeitos do ácido biliar em outros modelos animais: No nematódeo Caenorhabditis elegans e na mosca Drosophila, o ácido também demonstrou aumentar a resistência ao estresse oxidativo, frio, calor e fome, além de prolongar a vida útil (por exemplo, no nematódeo prolongou a vida de 22 para 27 dias; na mosca, os machos foram de 47 para 52 dias, e as fêmeas de 52 para 56 dias) e o período de saúde, o que sugere que os benefícios do ácido podem ser observados em diferentes espécies.

Caenorhabditis elegans e Drosophila

Em conclusão, este estudo destaca o potencial do ácido biliar como um composto terapêutico para combater o envelhecimento e melhorar a saúde metabólica. Ao ativar a proteína, o ácido biliar imita os efeitos benéficos da restrição calórica e pode ser usado para melhorar a função muscular, a sensibilidade à insulina e a longevidade em diversas espécies.

Estudo citado: Lithocholic acid phenocopies anti-ageing effects of calorie restriction

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